...mas excitante, aquele delicioso encontro furtivo em que as tuas mãos se perderam na minha pele e nela, os teus dedos desenharam todas as curvas que te quedaram em tentação. O canto da minha boca procurou a tua e nela nos perdemos avidamente num beijo.
E o calor que hoje se fez sentir lá fora nada era, comparado com aquele que se fazia sentir naquele exiguo espaço onde demos largas à luxúria do nosso querer...e a música que é nossa repete-se nesta dança com sabor a pecado.
Os dias mornos já não me bastam. Quero o verão a queimar todos os dias da minha vida.
"E de súbito ficas imóvel assim, instantânea de luz, a boca enorme de alegria e os dentes visíveis de sol, e os olhos rápidos de cintilação. Fica-te assim, oh, não te mexas. Tenho tanto que dar uma volta à vida toda. Não te movas. Sob a eternidade do sol e da neve. Uma malícia súbita no teu riso, no teu olhar. Um clarão à volta de deslumbramento. Irradiante fixo. Não te tires daí. Instantâneo da minha desolação. Tenho mais que fazer agora. Não saias daí. A boca enorme de riso, os olhos oblíquos de um pecado futor. Fica-te aí assim, talvez te procure ainda, talvez te escreva uma carta de amor. Daqui donde estou, está uma tarde quente. De amor."
Virgilio Ferreira
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