Tão abstrata é a idéia do teu ser.
Que me vem de te olhar, que, ao entreter.
Os meus olhos nos teus, perco-os de vista,
E nada fica em meu olhar, e dista.
Teu corpo do meu ver tão longemente,
E a idéia do teu ser fica tão rente.
Ao meu pensar olhar-te, e ao saber-me.
Sabendo que tu és, que, só por ter-me.
Consciente de ti, nem a mim sinto.
E assim, neste ignorar-me a ver-te, minto.
A ilusão da sensação, e sonho,
Não te vendo, nem vendo, nem sabendo.
Que te vejo, ou sequer que sou, risonho.
Do interior crepúsculo tristonho.
Em que sinto que sonho o que me sinto sendo.
Fernando Pessoa
"...e os teus olhos descobrem quem sou, e o teu sorriso dá-me aquilo que quero, e o aroma que deixas em mim, deixa sem chão as minhas pernas trémulas.E as pétalas da minha pele, espera pelo desfolhar dos teus dedos atrevidos.Entremeando as pétalas desfolhas, dois corpos sonhados, descobrem juntos aquilo que somos."

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